IPO da Stone: a corrida das Fintechs BR
O IPO do Pagseguro de US$ 2,2 bi despertou o mercado das Fintechs no Brasil.
A corrida acabou de ficar ainda mais acirrada com a possibilidade do IPO da Stone, a adquirente de cartões brasileira da Arpex.
Os rumores já estão a todo vapor mas o prospecto ainda não saiu. Seguindo os passos do Diego Gomes com a análise da Netshoes, Tivit e PAGS, vou deixar alguns comentários sobre mais um possível IPO tech brazuca. Carry on!
Quick backstory da Stone
A Stone surgiu em 2012/2013 capitaneada pela Arpex Capital e pelo Andre Street, um dos principais empreendedores do setor de pagamentos do Brasil.
Antes da Stone, Andre e cia movimentaram bastante o mercado de pagamentos brasuca. Primeiro criaram a PagaFácil, depois a Braspag (adquirida pela Cielo por R$ 40mi), Mundipagg e então a Stone.
Nesse meio tempo fizeram investimentos na Moip (vendida por R$ 165 mi para a Wirecard), Cappta, Pagar.me e Equals.
A premissa da Stone é bem simples: facilitar o recebimento de pagamentos para empreendedores, seja físico (com a maquininha) ou em um negócio digital. O IPO da Stone é a jogada para conquistar ainda mais mercado.
Por que um IPO da Stone agora?
Capitalizar para crescer. Esse é o principal motivo do IPO da Stone (e o Rodrigo Dantas já tinha cantado essa pedra nesse texto). Entre 2015 e 2017 eles cresceram 15x em equipe e 1.500x em clientes (segundo a própria Stone).
Uma matéria do Estadão já dava indícios de um possível IPO, com executivos da Stone visitando empresa de private equity em Setembro de 2017.
A Cielo pagou R$ 87,5 milhões para ter controle de 70% da empresa Stelo e atacar o mercado de microempreendedores com uma possível concorrente da Moderninha e da própria Stone.
Para alcançar as gigantes Rede e Cielo a Stone precisa de $$. Com o PagSeguro também cada vez mais forte no mundo das maquininhas, é uma boa hora para injetar capital e escalar.
A corrida das Fintechs e o mercado de adquirência no Brasil
No meio de 2017 o Diego Gomes fez uma análise de um relatório da Goldman Sachs sobre Fintechs no Brasil e os número são muito animadores. Em 10 anos, a receita das Fintechs pode chegar a R$ 75 bilhões.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS) em 10 anos o valor transacionado por brasileiros usando cartões saiu de R$ 262 bilhões para R$ 1.1 trilhões.
As fontes que deram informações sobre o IPO da Stone afirmam que a empresa tem cerca de 4,5% do mercado de adquirência. Uma conta rápida (contando com um pouco de licença poética do autor ;) ): se considerarmos um crescimento de 10% entre 2016 e 2017, teremos em torno de R$ 1,25 trilhões transacionados. Com 4,5% de R$ 1.25 tri, chegamos a cerca de R$ 56 bilhões transacionados através de máquinas da Stone. Not bad!
A acessibilidade aos cartões de crédito no Brasil vem aumentando muito rápido. O NuBank e outros bancos digitais são catalisadores deste crescimento, e o Brasil está se aproximando de países como os EUA e UK. Somos o terceiro em número de cartões de crédito ativos e transações feitas no débito.
Não é atoa que outros Fintech players como o Banco Inter deram indícios de um possível IPO. Oriundo da antiga financeira Intermedium, o Inter fechou 2017 com 400 mil correntistas e lucro de R$ 50 milhões, com um total de R$ 3,5 bilhões em ativos. Serie esse um sequel do IPO da Stone? ;)
O mercado brasileiro de adquirência
Já vimos que o valor transacionado está na casa dos R$ 1.14 trilhões, o que dá espaço para muitos players entrarem no mercado.
O principal catalisador disto foi a mudança na regulamentação feita pelo governo brasileiro. Em 2010, acabou-se a exclusividade de transações (a Cielo transacionava somente Visa e a Rede, MasterCard).
O Banco Central do Brasil se tornou o orgão regulamentador e empresas abraçaram a oportunidade do mercado de adquirência brasileiro (considerado por empresas internacionais como um mercado bem difícil).
Estratégia de crescimento
Aos poucos a Arpex vai criando uma plataforma completa de pagamentos. Stone, MundiPagg e outras fintechs que fazem parte do portfólio vão preenchendo as lacunas.
Para dar o primeiro passo em direção ao crescimento da participação no mercado, a Stone adquiriu a Elavon do Brasil, a quarta maior adquirente do mercado e concorrente direta da Stone.
Mesmo com essas marcas ainda separadas, o caminho é claro: M&A para expandir. Com o IPO da Stone, entra muito dinheiro no caixa para fazer aquisições estratégicas, tanto de tecnologia como de players com estrutura e clientes.
Vale a pena entrar nesse IPO?
Como de costume, assim que os dados do prospecto saírem comentaremos por aqui. Adoraria ouvir o que vocês acham desse IPO!
PS: O IPO da PagSeguro já é realidade! US$ 2,2 bi captados na NYSe e um valor de mercado de mais de R$ 20 bilhões. Dê uma olhada na análise desse IPO atualizada aqui. ;)