Porque criadores de conteúdo vão dominar o mundo
Eu tinha 8 anos quando comecei a escrever minhas primeiras histórias. De verdade, era uma porcaria. Mas eu adorava criar e contar histórias.
Isso despertou meu interesse na música, no audiovisual, em desenhos toscos que eu fazia para contar minhas histórias em quadrinhos, nos vários jogos de videogame que eu roteirizei. Nada nunca foi pra frente, mas eu já tinha identificado em mim a habilidade de produzir conteúdo e de me apaixonar pelos vários meios em que ele era publicado.
Com 14 anos, eu comecei a escrever um livro, que eu distribuía aos poucos para meus colegas na escola, e eles adoravam ler. Mas nessa mesma época, muito mais do que a empolgação por fazer algo que eu realmente gostava, me surgiu uma inquietação: como fazer com que as pessoas vejam o que estou fazendo?
E foi isso que guiou toda a minha carreira profissional até hoje. Eu achava um absurdo a maneira como a produção de conteúdo, artístico ou não, era limitada há apenas alguns grupos. E a situação ficava pior quando falávamos de levar esse conteúdo pra frente: menos gente ainda tinha condições de levar seus produtos às massas.
Fosse na música, na literatura, no audiovisual ou qualquer outro tipo de produto criativo, o dinheiro era a peça mais importante da equação. Muito embora a curadoria de talentos fosse mais simples, muitos ficariam perdidos no limbo do não reconhecimento.
Além disso, conteúdo em si não era um mercado explorado por empresas de segmentos que não a mídia, a arte, a cultura e o entretenimento. As profissões criativas eram frequentemente desvalorizadas e quem escolhia uma carreira assim era taxado de vagabundo ou louco.
Acontece que tudo isso mudou, e mudou de um jeito drástico, absurdo. Em 2015, eu já tinha cantado a bola sobre comunicadores haviam virado o jogo. Mas agora é muito mais que isso. Não é só a comunicação que se fortaleceu, mas a própria habilidade de criar conteúdo tende a ser uma das mais valorizadas nos próximos anos.
As marcas mais poderosas do mundo vão apostar em conteúdo original
Se tem um indicativo claro que a criação de conteúdo vai ser um dos mais importantes ativos das empresas nos próximos anos, é que marcas como a Apple, o Facebook e o Google estão começando a investir forte em peças originais.
O pessoal da Maçã, por exemplo, pretende investir cerca de 1 bilhão de dólares em conteúdo original, com grandes possibilidades envolvendo Ficção. E pra quem trabalha com conteúdo audiovisual, sabe que Ficção é algo que demanda uma quantidade imensa de recursos.
Há inclusive rumores de que a Apple pode comprar 40% da Netflix e se posicionar de vez nesse mercado. Mas mais do que expandir a área de atuação para TV e Streaming, este pode ser um movimento que mantenha uma produção de conteúdo constante e relevante, o tempo todo, impactando seus amantes e clientes não só com novos lançamentos de produto. Eu gosto de chamar isso de “todo dia um conteúdo diferente e relevante passando pela sua timeline”.
Segundo esse artigo do CMI (Content Marketing Institute), a Google vai investir pesado em comprar conteúdo de outras marcas e empresas de mídia, na intenção de melhorar as brechas em seus algorítimos de busca. O tio Zuckerberg, nada bobo, vai chegar com tudo investindo em uma programação original para uma espécie de TV Facebook. Aguardando o que vai sair disso.
Claro, não vamos esquecer de que a Disney está se movimentando para lançar seu próprio serviço de streaming, um dos motivos pelos quais as pernas da Netflix bambearam. Com uma fatia generosa do mercado de entretenimento global (Marvel, Star Wars, Pixar, etc), a dona do Mickey já estava até demorando pra apostar de vez nisso.
Como essas coisas vão acontecer, de fato, a gente não sabe. Mas o que dá pra saber, com certeza, é que esses movimentos vão ser o marco de uma revolução. Se antes o conteúdo era rei, agora o processo comunicacional ganha um papel mais abrangente na grande maioria das estratégias de negócio, tendo o conteúdo como o principal agente de relevância.
O Brasil começa a se movimentar
Apple, Google e Facebook são gigantes demais para que se percebam as micro-revoluções que vamos encontrar por aí. As três vão comprar conteúdo e produzir conteúdo original para expandir seu awareness e não sair nunca do cotidiano de seus clientes. Mas essa realidade muda quando diminuímos um pouquinho esse escopo.
Vamos dar um pulinho aqui no Brasil. Recentemente, a Nestlé anunciou a criação de uma Content Factory, um laboratório In-House de criação e distribuição de conteúdo. Isso está acontecendo primeiro no Brasil e, caso tenha sucesso, vai expandir para outros países onde o grupo atua.
Esse movimento foi o primeiro que eu acredito que vá acontecer com grandes marcas que atuam em território nacional para que, assim como as gigantes globais que citei lá em cima, mantenham-se relevantes no cotidiano do consumidor brasileiro.
Para a Nestlé não se trata de uma competição global por relevância, mas sim uma reedição de seu posicionamento, colocando a marca muito à frente de seus concorrentes.
Conteúdo para alavancar negócios
Vamos diminuir ainda mais o escopo e pensar que Marketing de Conteúdo surgiu como uma estratégia agressiva para alavancar negócios, dado o baixíssimo custo de se ter um servidor e alimentar um Blog. Pequenos empreendedores e Startups se reinventaram com recursos de conteúdo e estratégias de Inbound Marketing e hoje consideram essas estratégias como as mais relevantes para seus negócios.
Em casos assim, conteúdo é parte de uma máquina para gerar vendas e, consequentemente, tende a ser muito mais matemático que criativo. Mas isso tende a se transformar.
Inbound Marketing tem sido uma ferramenta tão explorada por pequenas empresas e startups que já vem caindo em saturação. Todo mundo vê aquele ebook matador ou infográfico fora de série em buscas no Google, sendo anunciado nas redes sociais, pipocando na caixa de entrada do email e fica complicado acreditar que aquele material vai ser realmente bom.
É por isso mesmo que as estratégias de geração de negócios vão precisar se reinventar a partir de conteúdo e criar projetos e materiais inovadores, extremamente relevantes e cada vez mais personalizados para suas audiências. E quem vocês acham que vão ser os responsáveis por isso?
Posso falar pela minha experiência: a NeoAssist me deu o desafio de posicionar a marca como autoridade nos meios digitais, do absoluto 0. Comecei sozinho com essa missão e, com pouco mais de um ano, formei um time com pessoas de vídeo, social media, redação e assessoria de imprensa com uma estratégia documentada de conteúdo. Detalhe: todos comunicadores e criativos. Em uma empresa de software para atendimento ao cliente.
Em outro momento, posso contar um pouco melhor sobre essa experiência. Mas aqui, quero lembrar que é um nicho muito específico e que teve excelentes resultados com uma equipe criativa.
Como isso impacta comunicadores e artistas
O que eu vejo frequentemente aqui na Internet é que os maiores entusiastas de conteúdo digital estão conversando somente com… quem já faz conteúdo digital. É um público tão exclusivo e ainda pequeno que fica difícil criar uma cultura realmente inovadora, porque grandes talentos podem ser perdidos nos meios tradicionais (não dá pra negar que estão morrendo aos pouquinhos, né?)
O que me chama atenção nisso tudo é que uma grande quantidade de postos de trabalho no setor criativo vai ser criada. Se cada grande marca se tornar uma publisher e apostar em conteúdo original, teremos várias unidades de negócio formadas exclusivamente por estratégias de conteúdo. Sem contar as pequenas empresas e startups, que vão precisar inovar cada vez mais para se manterem relevantes. E isso é foda demais!
Quando vejo esses movimentos, não canso de pensar: que época para se viver. Uma época em que tudo aquilo que eu sonhei quando eu tinha lá meus 8 anos, está se tornando realidade. Um mundo baseado em conteúdo criativo e inovador, que incentiva a mente humana a nunca parar de criar.
Agora, cabe a nós acompanhar essas tendências e entender em que contexto criar conteúdo vai ser relevante. Temos uma chance de aproveitar bem a Era de Ouro da Criatividade e fazer parte de sua construção e disseminação. E a única coisa que tenho certeza é que eu não vou ficar de fora =)
— — — — — — — — — — — — -
Curtiu o artigo? Dá o seu joinha e deixa um comentário com a sua opinião. Vou adorar ler e responder. E se você quiser saber mais o que eu apronto por aí, pode me seguir:
Facebook: polêmicas e experimentos em redes sociais;
Instagram: um pouco de música e narcisismo;
Blog da NeoAssist: minha batalha diária por mais criatividade e geração de leads;